segunda-feira, 10 de novembro de 2008

O vôo do Urubu Antigo


Depois de muito penar no mundo real, decidi me assentar por aqui, onde posso, pelo menos, falar sozinho sem atrair olhares assustados dos pedestres.

Vamos falar de filmes, livros e besteiras, que é o que realmente importa na vida. Apenas coagido pelas circusntâncias falarei de política. Infelizmente, as circunstâncias me coagem nesse momento, de modo que, antes de iniciar minha série de Resenhas Bárbaras ou o habitual acepipe de nonsesense, devo divulgar-lhes meu manifesto anti-eufórico em relação aos atuais eventos ocorridos lá acima do equador.

Pessoas em geral vêm comemorando a chegada de um não-branco à Casa Branca, e a saída dos Republicanos que, teoricamente, seriam responsáveis por todas as agruras do universo. Teoricamente também, o presidente Hussein será uma espécie de messias secular, enviado para salvar a parcela liberal-progressista-agnóstica-bem-intencionada-levemente-à-esquerda da humanidade das trevas que a circundam. Enquanto eu concordo com o primeiro motivo de celebrações - um negro na Casa Branca - peço vênia para discordar de todo o resto. Como se sabe, os Democratas, na minha opinião, são piores que os Republicanos. Porque os Republicanos, ora, todos sabem o que eles querem, e é a mesma coisa que o Pink e o Cérebro vão tentar amanhã - dominar o mundo, ou pelo menos as partes do mundo onde tem óleo e floresta ou as que fazem fronteira com a Rússia. Já os Democratas passam por bonzinhos, e o resultado assustador é que todo mundo gosta deles. Voltando à metáfora cartoonica, é como se o Pink e o Cérebro se sucedessem na cápsula de comando de um robô Mecca cuja única finalidade é devorar o universo. A gente pode até achar o Pink mais simpático, mas o resultado, em última instância, é o mesmo. Um dos efeitos colaterais - para usar um termo querido pelo Pentágono e seus amigotes - dessa euforia pró-obâmica é que, nos próximos 4 ou 8 anos, muitas gentes partirão do princípio de que estamos no melhor dos mundos possíveis, ou, pelo menos, na melhor das hegemonias possíveis.



Deixai toda esperança, vós que entrais, ou vós que ficais aqui no verão porto-alegrense comemorando as eleições de nossos congêneres setentrionais: a política externa dos EUA, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, é a mesma, com suaves oscilações em Kennedy e Jimmy Carter - mas a mesma, em essência, e não vai mudar até que o impossível aconteça e se eleja um candidato independente, dentre os quais o que mais presta é o Ralph Nader (http://en.wikipedia.org/wiki/Ralph_Nader).

A única coisa boa nessa história toda é que agora o Hugo Chávez vai ficar meio sem assunto, e talvez siga o conselho do monarca espanhol e cale a boca. Parece que ele anda brabo, e, depois de expulsar a Human Rights Watch de seu feudo, agora quer mandar prender todo mundo que votar contra ele, ou algo assim (http://www.estadao.com.br/internacional/not_int274914,0.htm). Como eu sempre digo, é facílimo o Chavitos prender opositores e "contra-revolucionários"; difícil mesmo é seguir sua própria cartilha e parar de vender petróleo aos EUA.

Só o anarquismo nos salva. E a vodca.

3 comentários:

Anônimo disse...

Vamos criar uma comunidade quase independente lá pras bandas de Bagé.

Anônimo disse...

Ah, deverias usar o Worpress.com, é muito melhor que o blogspot.

Nádia Botelho disse...

Grande Chico...
Muito bom o texto...
Concordo com vc...
Principalmente na parte do Chavez,ele vai ficar sem ter o que falar...hehehehe
Abraços...